terça-feira, 3 de março de 2015

CAPÍTULO IX

CAPÍTULO IX

     Seis anos se passaram, desde que Ele deixou o palácio. O asceta Gotama está agora em Uruvela, escolhendo a árvore banyan sob a qual se sentaria em meditação. Acomodou-se. Neste mesmo dia, a jovem Sujata preparava uma oferenda rotineira, de arroz com leite, para a divindade das árvores banyans. Diariamente ela oferecia à divindade da árvore banyan, um prato de arroz cozido no leite, pedindo um filho homem. Nesta manhã, Sujata foi ordenhar as vacas e o leite jorrou antes mesmo que ela tocasse nas tetas, coisa nunca antes observada. Levou o leite para casa, cozinhando a oferenda como sempre fazia. O leite borbulhava, mas não transbordava. Com todos estes sinais, ela ordenou a sua serva, Punna, para ir até as árvores Nuga (banyans), para ver se estava acontecendo algo. Punna viu lá a figura do asceta Gotama, sentado plácida e meditativamente sob a árvore, imponente como um deus, e ela pensou que Ele fosse a divindade da árvore. Ela voltou correndo para relatar tudo à  patroa. Sujata e Punna foram correndo até a árvore, levando a oferenda de arroz com leite, para ser oferecida à santa figura sentada sob a árvore. O arroz com leite oferecido por Sujata foi aceito por Gotama, que comeu uma parte e guardou a outra sob a forma de bolas, de forma a ficar um longo período sem precisar procurar comida. Estava disposto a meditar até que compreendesse a Verdade, nem que para isto tivesse que morrer. 
Procurou uma outra árvore para meditar que, mais tarde, devido à Sua Iluminação, viria a ser chamada de árvore Bodhi (figueira Ficus Religiosa). Todos os devas e outros seres estavam jubilosos quando Ele sentou-se para obter a mais alta Sabedoria (11). O Bodhisatta (aspirante a Buddha) está agora no caminho para a sublimação das três principais causas do sofrimento, que são desejos, apego e ignorância. Ele compreendeu que estes estados fazem a vida de uma pessoa ficar miserável e infeliz. No momento de Sua Iluminação, Ele teve que lutar com todas as forças negativas em Si mesmo, personificadas pelo demônio Mara e suas hostes. 
As forças negativas de Mara apareceram em visão a Gotama e tentaram-No com as coisas mais belas e sensuais, tentando afastá-Lo de seu intento. Foi uma verdadeira batalha, com raios, trovoadas e terremotos (12). Mas tudo se dissipou, e o Senhor permanecia sentado, calmamente. Mara e seus exércitos desaparecem. Deuses se materializaram no local, dizendo que nenhum mal pode desviar a vida de um Bodhisatta, e derramaram flores  a Seus pés. O Buddha, agora não mais o asceta Gotama, permanecia em meditação profunda, compreendendo as misérias do mundo. Quando se faz o mal nesta vida, sofre-se nesta e na próxima. As pessoas tem muitos desejos arraigados na ignorância e ilusão, que trazem a dor, o renascimento, a decadência e a morte. Ele identificou o egocentrismo como a cola que une os desejos ao sofrimento. 

O Buddha, sentado sob a árvore Bodhi, em Bodh Gaya, passou dias em três observâncias. Primeiramente, Ele desenvolveu o conhecimento supranormal, capacitando-O lembrar-se de vidas passadas (pubbenivasanussutiñanna). Depois, Ele desenvolveu a clarividência, que O capacitou a descobrir o caminho da cessação das paixões, e a ver a morte e o renascimento dos seres (cutupapratañanna). Finalmente, Ele compreendeu as coisas como elas realmente são. Ele atingiu a Perfeita Iluminação, na noite de Lua Cheia do mês de Wesak (por volta de Maio), no 6° século a.C., na idade de 35 anos. Foi, portanto, o primeiro instrutor religioso de nossa história conhecida. Ele ensinou ao mundo que aquele que aspira à mais alta realização vem a encontrá-la, se houver esforço e determinação adequados. 

Ele descobriu as Quatro Nobres Verdades no momento de Sua Iluminação (13). Estas Quatro Verdades são comuns a todas as pessoas e seres. Ele descobriu que a existência é permeada por sofrimentos desde o início da vida. Toda criança chora e se sente desconfortável logo ao nascer. Elas crescem com muitos sofrimentos. A morte é para muitos dolorosa. Então todos se perguntam para onde vão após a morte. Nós sofremos também porque temos uma quantidade enorme de desejos (calcados na  ignorância). Tudo começa em nós mesmos, com sentimentos egoístas. Esses sentimentos egoístas criam um estado que produzem o  sofrer. Mas há um fim para todo sofrer - já que tudo que tem um início, também tem um fim. Assim, não desejamos mais sofrer e, ao final, lograremos uma completa felicidade, sem dor. A Quarta Nobre Verdade é muito útil para se levar uma vida feliz e significativa. É um caminho que leva à cessação da dor. Esta Verdade se desdobra em Oito Fatores (14): Compreensão, Pensamento. Palavra, Ação, Meio de Vida, Esforço, Atenção e Concentração - Corretas ou Plenas. 

O Caminho Óctuplo ensina um método útil para treinar-nos no Bem. Só assim poderemos apreender o Bem, e sermos plenos de pensamentos de Amor. O objetivo principal deste sistema é apreender o Dhamma ( Doutrina ) , chegar à liberação, propagar a Doutrina e a confiança nas Três Jóias ( Buddha, Dhamma, Sangha). Por fim, o praticante da Nobre Senda será abençoado com a compreensão advinda da prática.

  
  
  

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